Vinte anos atrás, pouco depois de o Bahrein ser confirmado no calendário da Fórmula 1 para 2004, começaram a chegar ao meu antigo escritório na avenida Paulista os primeiros mimos promocionais que organizadores e equipes com algum interesse no Golfo Pérsico passaram a distribuir para os jornalistas detentores de credenciais permanentes para o Campeonato Mundial.
Credencial permanente é motivo de ostentação na imprensa internacional – ou, pelo menos, era naqueles tempos. Quando digo “naqueles tempos”, não quero apelar logo de cara para alguma espécie de saudosismo barato, muito menos invocar “a minha época” como se fosse melhor que hoje. Era assim porque era assim. Nem todo mundo conseguia atender a todos os critérios que a FIA estabelecia para entregar uma permanente a um jornalista. Primeiro, era necessário trabalhar em algum veículo de imprensa de verdade. Depois, montar um dossiê mostrando que seu veículo de imprensa de verdade fazia uma cobertura de verdade da F-1 – recortes de jornais ou revistas originais, enviados para o número 8 da Place de la Concorde, em Paris; envelopes parrudos que provavelmente iam para o lixo, cujo despacho custava os tubos. Por fim, provar que, no ano anterior, você tinha estado em pelo menos 12 das 16 etapas da temporada. Isso se fazia assinando lista de presença nas salas de imprensa; depois, quando inventaram as catracas eletrônicas, registrando sua entrada e saída dos paddocks nos três dias de cada evento.
Continue a leitura com um teste grátis de 7 dias
Assine Flavio Gomes - Gira Mondo para continuar lendo esta publicação e obtenha 7 dias de acesso gratuito aos arquivos completos de publicações.